segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

A SÉTIMA VEZ, Alina Paim

A SÉTIMA VEZ, Alina Paim, (...)


Alina nasceu em Estância e morou até os dez anos em Simão Dias, com parentes. Depois foi para a Bahia, Salvador, onde viveu. Morou no Mato Grosso e Rio de Janeiro.
Livros:
Simão Dias (1949) – Infância sofrida.
Sombra do Patriarca (1950) – Vida no campo, senhores de engenhos.
A Hora Próxima (1954)- A participação de mulher uma greve da rede ferroviária.
Sol do Meio Dia (1962) - Aventuras e desventuras de um jovem de Paripiranga no Rio de Janeiro.

(série infantil):
Lenço Encantado
A Casa da Coruja Verde
Luz Bela vestida de Cigana
A Chave do Mundo
O Círculo


(Mais romances)
Flor de Algodão (1966)
A Correnteza (1979)  - População das cidades tentando sobreviver.
A Sétima Vez  (  ) – O velho Teodoro com 67snod tem que voltar a trabalhar. 

(Página 7)

“Vem-se a ânsia pueril tornar-me invisível, um presente sem perigo, capaz de varar paredes, penetrar em conferências de poderosos do governo ou da Firma, de tudo ficar conhecendo sem o risco de ser sabedor”.

É um livro compacto, páginas cheias de letras, parecendo com Saramaco.
Para mim, um ponto antipático.  O livro não quer conversar com você, quer te amassar, maltratar.
O capítulo intitulado “EU, Teodoro” são 84 folhas de letras, ideias que vão e vem, como se o escritor estivesse fazendo um “brain storm” infinito.

E eu não consegui descobrir todas as sete vezes (já que o livro indica que existem tantas).
1 – A Professora Agripina
2 – não achei
3 – O Padre Fidélio
4 – Não achei
5 – Ao tio Albano
6 – O Bacharel do cata vento.
7 – Deduzi que fosse todo o resto do livro.

(Antônio Saracura, Aracaju, 29 de maio de 2011)

Obs:
Achei os rabiscos desta resenha em uma biblioteca agora em 12 de fevereiro de 2012. Não possuo o livro mais em meu poder. Nem me lembro dele. Nem a capa encontrei onde as guardo.  Resolvi publicar apenas como uma desobrigação (já que a escrevi). No dia em que me bater com este livro, tentarei reatar os laços.   

Como minha resenha nem a mim satisfez, incluo a seguir duas publicações da web sobre Alina Paim;


Por: Allan de Oliveira.
Contato: allantbo@hotmail.com

Alina Leite Paim foi professora, escritora, comunista e feminista. Nasceu em Estância a 10 de outubro de 1919. Sendo filha de Manuel Vieira Leite e de Dona Maria Portela de Andrade Leite. Aos 3 meses de idade, mudou-se com a família para Salvador. Perdeu a mãe aos cinco anos, vítima de tuberculose, e Alina Paim retornou a Sergipe com o pai, indo morar na casa dos avós paternos em Simão Dias que lhe deram uma educação muito rigorosa. Estudou o Ensino Fundamental I na Escola Menino Jesus e, posteriormente, no Grupo Escolar Fausto Cardoso onde recebeu formação religiosa. No ano de 1932, ela retornou a Salvador, estudando no colégio de freiras Nossa Senhora da Soledade. É quando ela começa a escrever seus primeiros textos aos 12 anos no jornal desse colégio até se formar como professora.

Alina Paim leciona em Salvador numa escola pública da periferia, convivendo com a miséria das crianças e com as dificuldades da educação brasileira na década 30. Ela passa por problemas pessoais por causa de conflitos familiares, entrando num quadro de profundo stress, sendo internada em um sanatório, onde permaneceu por três meses. E recebendo os cuidados do psiquiatra Isaías Paim, com quem chegou a se casar em 1943, morando com ele no Rio de Janeiro nos anos 40. Época que fez amizade com Graciliano Ramos que corrigiu os seus três primeiros Romances.

Publicou o seu primeiro Romance Estrada da Liberdade em 1944, que teve grande repercussão e a primeira edição se esgotou rapidamente, num período de quatro meses.

A autora escreveu também um programa infantil chamado “No Reino da Alegria” para a rádio do Ministério da Educação e Cultura. Fundou a revista Tempo, em 1948. Chegando a ser incluída no grupo de escritoras da “Nova Literatura Brasileira” ao lado de Helena Silveira, Lúcia Benedetti, Elsie Lessa, Lia Correia Dutra, Elisa Lispector, Ondina Ferreira, entre outras. E em 1961, recebeu o Prêmio “Antônio de Almeida” da Academia Brasileira de Letras por causa do seu romance O Sol do Meio-Dia.

Em sua literatura estão presentes os interesses humanos de sentido político e social, sendo abordadas temáticas diversas que dão prioridade às personagens que buscam respeito e participação na produção cultural, mostrando a problemática da mulher em diferentes situações, e defendendo os ideais do Feminismo. Como também a ideologia Comunista presente nas suas obras com o intuito de ser defendida a igualdade para todos e ser denunciado as mazelas sociais.

“Alina é uma romancista que escreve com naturalidade, conta a sua história com um gosto e emoção crescente, conseguindo captar o que há de duradouro e de eteno na criatura humana. Denunciando a história de várias criaturas, cujos pequenos dramas ganham enormes proporções, porque exprimem toda espécie de mutilação de uma sociedade rural, como no romance Simão Dias”. (A ROMANCISTA ALINA PAIM – Por Gilfrancisco)

A escritora fez parte do Partido Comunista Brasileiro (PCB), chegando a entrevistar grevistas que participaram do movimento ferroviário do Vale do Paraíba em 1949, através de uma viagem paga pelo próprio partido. Viajando também para a Rússia em 1950 para representar o seu partido em Moscou nas festividades do 1º de Maio, o Dia do Trabalhador¹. Mas, nessa outra viagem ela foi ajudada financeiramente pelo artista plástico Cândido Portinari.

Durante a Ditadura Militar foi perseguida por ter sido integrante do PCB e por causa da sua militância feminista. É também nesse período que ela traduziu textos marxistas de Lenin e colaborou em jornais de Sergipe, da Bahia, e do Rio de Janeiro.

A autora escreveu 10 Romances, e 4 infantis, e alguns deles foram editados na Rússia, China, Bulgária, e Alemanha. E além de sua obra ter recebido crítica favorável que coloca a autora entre as melhores romancistas nacionais e internacionais da sua geração. Infelizmente, ela ficou pouco conhecida no Brasil, tanto nos meios acadêmicos quanto no público em geral. E como consta no artigo científico Alina Paim, uma romancista esquecida nos labirintos do tempo escrito por Ana Maria Leal Cardoso: “O motivo não se sabe ao certo; talvez pelo fato de ela ser comunista e suas obras estarem repletas de denso teor socialista (naquela época, um compromisso com o PCB) que reivindica direitos iguais para todos, o que não agradava nem ao governo e nem aos empresários do mundo editorial e artístico”.

ROMANCES

A Estrada da Liberdade (1944).
Simão Dias [com prefácio de Graciliano Ramos] (1949)
A sombra do patriarca (1950).
A hora próxima (1955).
Sol do meio-dia (1961).
O círculo (1965).
O sino e a rosa (1965).
A chave do mundo (1965).
A Sétima Vez (1975)
A correnteza (1979).
A sétima vez (1994).

OBRAS INFANTIS

O lenço encantado (1962)
A casa da coruja verde (1962)
Luzbela vestida de cigana (1963)
Flocos de algodão (1966)
O chapéu do professor (1966).


REFERÊNCIA:

ALINA PAIM. In: Wikipédia – A Enciclopédia Livre. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/Alina_Paim>. Acesso 04 de set. de 2017

ALINA Paim. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa519577/alina-paim>. Acesso em: 05 de Set. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

Alina Paim, uma romancista esquecida nos labirintos do tempo – artigo científico escrito por Ana Maria Leal Cardoso. Disponível em: <http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/aletria/article/view/1535/1631>. Acesso em 04 de set. de 2017

A ROMANCISTA ALINA PAIM – Por Gilfrancisco. In: O arquivo de Renato Suttana. Disponível em: <http://www.arquivors.com/gilfrancisco7.htm>. Acesso em 05 de set. de 2017.

Sergipana, escritora, comunista e silenciada. In: Destaque Comunicação. Disponível em: <https://www.destaquenoticias.com.br/sergipana-escritora-comunista-e-silenciada/>. Acesso em: 04 de set. de 2017


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¹ O 1º de Maio sempre foi considerado o “Dia do Trabalhador” desde a sua criação em 1888 e não “Dia do Trabalho” como mudaram nos calendários de uns anos para cá. (Nota do administrador deste blog)


Xxx


(Gilfrancisco*)

Silenciosa, talentosa e paciente, essa romancista sergipana, deficiente visual aos 87 anos, construiu seu mundo sem pressa, jamais se desligou do interesse humano, do sentido político e social de suas histórias e de seus personagens. Apesar das opiniões favoráveis a sua obra que mereceram da crítica nacional e internacional, a colocando na altura das melhores romancistas da sua geração, seu nome está injustamente excluído dos compêndios literários brasileiros. Muitos desses intelectuais militantes, a exemplo de Enoch Santiago Filho, Renato Mazze Lucas, Jacinta Passos e a própria Alina Paim foram também silenciados pelo Partido, apesar de terem sido beneficiados da rede de relações construída no seu itinerário.

***

Gênero literário em prosa, relativamente longo, o romance é caracterizado pela narrativa de acontecimentos fictícios, mas geralmente verossímeis, relacionados a uma ação centrada num enredo, na análise de personagens ou no exame de uma situação. Entendido como sucedâneo do poema épico, o romance moderno tem raízes nos romances de cavalaria, mas só se configurou como hoje o conhecemos no século XVIII, tendo por precursores entre outros, o abade Prévost (Manon Lescaut, 1731) e Henry Fielding (Tom Jones, 1749).

Ciente de sua vocação literária e disposta a seguir a trilha, Alina Paim optou pelo romance, não se deixou tentar pela atração do conto, nem da crônica, nem mesmo de artigo para jornal. Seu interesse maior e único o romance. Mesmo tendo estreado aos 23 anos, o tempo lhe assegurou o necessário capital de experiência e observação, indispensáveis para todo romancista. O romance tem em Alina Paim a mão que o denuncia de todos os segredos e violências, explorando-o em cada ângulo difícil sem restringi-lo à mera análise superficial, exigindo assim do crítico que a estuda um esforço vital, um reconhecimento de nuances, ampliando sua visão de autora consciente e politizada.

Alina dá a medida exata, a atualização essencial da narrativa romanesca, um sentido de concepção nova na caracterização dos personagens, onde os conflitos interiores surgem à descoberta inteiramente vigiada pelos seus equilíbrios de narradora onisciente. Alina é uma romancista que escreve com naturalidade, conta a sua história com um gosto e emoção crescente, conseguindo captar o que há de duradouro e de eteno na criatura humana. Denunciando a história de várias criaturas, cujos pequenos dramas ganham enormes proporções, porque exprimem toda espécie de mutilação de uma sociedade rural, como no romance Simão Dias.

Alina Leite Paim nasceu na cidade de Estância, (68 km de Aracaju) berço da imprensa sergipana, a 10 de outubro de 1919, filha de Manuel Vieira Leite e de Maria Portela de Andrade Leite, ambos sergipanos. Com três meses de idade mudou-se com os pais para Salvador. Ao perder a mãe, foi para Simão Dias (SE), morar na casa dos avós paternos, onde sofreu muito com a rigorosa educação dos parentes, principalmente pelas constantes e severas repreensões das três tias solteironas. A severa educação que recebera nesses primeiros anos, de certa forma contribuiria para sua aprovação em 1932, no primeiro ano do curso fundamental com distinção nos exames de suficiência do Colégio Nossa Senhora da Soledade, em Salvador.

Simão Dias foi um celeiro político-econômico de grandes e influentes famílias que marcaram toda a história de Sergipe. Ali, Alina fez os estudos preliminares na Escola Menino Jesus e dos sete aos dez anos, freqüentou o Grupo Escolar Fausto Cardoso, da Praça da Matriz, onde recebe formação religiosa e participa de diversas atividades relacionadas à expansão do catolicismo. Parte de sua infância e adolescência serviu de cenário e título para o seu segundo romance, escrito nos meses de agosto a dezembro de 1946. Mudou-se outra vez para Salvador e continuou seus estudos no colégio Nossa Senhora da Soledade. Aos doze anos passou a escrever para o jornalzinho do educandário de freiras, onde se formou como professora e trabalhando depois numa escola da Estrada da Liberdade, hoje um dos bairros mais populosos de Salvador.

Casou-se em 1943, com o médico baiano Isaías Paim e mudou-se em seguida para o Rio de Janeiro, onde reside com uma de suas filhas. Como na época não conseguisse trabalho, foi ensinar na Escola para filhos de pescadores, na Ilha de Marambaia. Aí escreveu seu primeiro romance, Estrada da Liberdade, publicado em fins de 1944, com enorme repercussão nos meios literários e de público, esgotando-se em quatro meses a primeira edição.

Com seu diploma de professora somente era válido dentro dos limites do Estado da Bahia, encontrou-se, de súbito, sem profissão definida. E, a convite de Fernando Tude de Souza, diretor da Rádio do Ministério da Educação e Cultura - MEC, começou a escrever para o programa infantil “No Reino da Alegria”, dirigido por Geni Marcodes. Para esse programa, colaborou entre 1945 a 1956, escrevendo para crianças e adolescentes. Desde sua chega ao Rio de Janeiro, Alina participou ativamente da vida literária do País, publicou quase dez romance e quatro obras infantis, alguns de seus romances foram editados na Rússia (1957), China (1959), Bulgária (1963) e Alemanha (1968).

Em 1944, a jovem Alina Paim se dirigiu a Barboza Mello, ligado ao Partido Comunista, então diretor da Editora Leitura, levada pelo jornalista Osvaldo Alves para entregar os originais do livro Estrada da Liberdade, e durante esse primeiro contato, a jovem foi contando como e porque o escreve. Segundo Barboza, Alina Paim era “uma menina de cabelos soltos, cacheados, 1,50 de altura, 48 quilos de peso, rosto bonito de ingênua, fala suave, e uma tímida inconcebível numa adolescente que queria ser escritora”.

Publicado pela Editora Leitura, do Rio em 1944, o romance Estrada da Liberdade retrata a vida de uma professora cheia de idéias, em contato com a amarga realidade de sua comunidade de bairro proletário, onde tenta aplicar métodos modernos de aprendizagem. Alina baseou-se em sua infeliz experiência para escrever. Conheceu a fome e a miséria da infância baiana abandonada, de quem ela se apaixonou e que muito contribuiu para leva-la a colocar a sua arte a serviço do povo. Pouco a pouco a professora vai tendo a revelação de tudo. L~e livros diferentes dados por amigos novos e chega assim a uma nova concepção da vida, do amor, das relações entre as pessoas humanas e revolta-se contra tudo que é falso e lhe fora ensinado, uma educação dirigida no interesse dos poderosos e ricos.

Esse é o clima em que se desenvolve a ação de Estrada da Liberdade, cuja estrada entraram as primeiras “tropas libertadoras” nas lutas da Independência da Bahia (1823), e, por esse motivo, recebeu a denominação simbólica. Alina faz isso com muita felicidade: não cria as histórias, não inventa, mostra-se apenas com o coração revoltada pelas injustiças sociais e pela miséria econômica, como se contasse para uma pessoa amiga aquilo que viu e ouviu.

Essa obra foi muito elogiada pela crítica, pois nela a autora já mostra sua tendência para a ficção e para as causas humanitárias. Estrada da Liberdade é uma romance simples, sem as costumeiras técnicas apuradas, foge a temática da época (seca, cangaço, cacau, café). O painel do livro, prende a atenção do leitor pela leveza do estilo e pela condição natural dos seus personagens que se apresentam como qualquer humano, com defeitos e qualidades. Em menos de 2 anos a edição de Estrada da Liberdade estava esgotada, tendo contribuído para isso as freiras daquele Convento que eram as maiores compradoras do livro, não para ler, mas para queimar... Elas não gostaram do que Alina havia escrito, colaborando para a imortalidade do Convento N. S. da Soledade.

A partir daí, seguem vários romances que denunciam o poder dos fortes sobre os fracos. Mostra, também, o amor como forma de realização e destruição do ser humano; a exploração do homem como força-trabalho, que caracteriza a sociedade brasileira. Suas obras sempre refletem um tipo de crítica humanitária. Alina Paim sempre foi tida como de esquerda e lutadora pelas causas feministas o que lhe causou sérios problemas durante o regime militar no Brasil nas décadas de 60 e 70.

A redemocratização do país em 1945, com a queda de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte, coincidiria com a imposição de novos reformismos, a partir do Ato Adicional nº 9 de fevereiro, o Brasil se surpreende com a extensão e a importância do movimento comunista, que está ligado ou dirigindo uma série de atividades políticas fundamentais. Com a saída de Carlos Prestes da prisão, um novo panorama se apresenta: o PCB se tornará legal e uma nova fase se abre para as esquerdas, em geral. A sociedade brasileira, então, irá passar por um novo momento de sua história, havendo a participação democrática de todas as suas classes sociais e uma mais ampla conquista de direito sociais e isso inclui a literatura.

A morte de Mário de Andrade nesse ano como que assinala o fim de um ciclo questionador da cultura, das instituições e das idéias. Sua obra crítica deixa entrevar não apenas força aglutinadora, mas sobretudo sensibilidade e abertura intelectual e todas as vocações capazes de revelar aspectos inventivos de algum modo interligados com a trajetória renovadora da arte no Brasil.

Em 1949 a Livraria Editora Casa do Estudante do Brasil edita o romance Simão Dias, com apresentação de Graciliano Ramos, amigo e grande incentivador da tímida escritora sergipana: “A estréia, recebida com louvores, jogou a moça na literatura. Alina fez vários livros. Este, o terceiro, deixa longe a Estrada da Liberdade, manifesta um valor que o trabalho da juventude apenas indicava. A autora observa, estuda com paciência, tem a honestidade rigorosa de não tratar de um assunto sem domina-lo inteiramente. As suas personagens são criaturas que a fizeram padecer na infância ou lhe deram alguns momentos de alegria, em cidadezinhas do interior. Nenhum excesso de imaginação.”

Neste livro, Alina retrata parte de sua infância e adolescência, compartilha com o leitor suas memórias sobre o cotidiano desta cidade do estado de Sergipe. Orientada pelo amigo Graciliano Ramos, Alina mantém o teor autobiográfico do romance, não substituindo os verdadeiros nomes dos personagens, no intuito de aproximar ao leitor o cotidiano da cidade e de seus habitantes nomeados no relato. Quando o romance foi publicado causou espanto em alguns membros de sua família, pois tiveram as suas vidas expostas publicamente. Alina escreveu um livro útil e o fez com amor, com generosa ternura, captando o ambiente, o meio, a atmosfera que cercou a formação, intelectual e humanista, erigindo o edifício do seu romance argamassando-o de reminiscências pessoais ou coletando depoimentos.

A Sombra do Patriarca de 1950, publicado pela Livraria Globo retrata a vida no campo romanceando a maléfica e prepotente atuação do Senhor de Engenho. É neste ambiente do meio rural do Nordeste, numa antiga fazenda na qual um mundo de personagens vive em redor do velho fazendeiro, tio Ramiro, e em função dele. As pessoas e as coisas obedecem ao patriarca, sua vontade prevalece sobre tudo e todos. Existências se mutilam sob o poder dessa energia despótica e rígida, sob caprichos decorrentes de uma concepção absurda da vida. O velho latifúndio muda a seu talante o destino de todo ser humano a seu alcance.

Ninguém se surpreende com tal estado de coisas até que um dia Raquel, uma sobrinha do velho, vem passar poucos dias na fazenda. Mas como adoece de impaludismo, é forçada a permanecer mais tempo, observa o poder infinito e anacrônico do patriarca, descobre uma por uma as causas – locais, sociológicas, históricas, psíquicas – em que ele se baseia, e com o descobrimento começa a revoltar-se contra ele. Assim é a história de Raquel na velha fazenda, contada por ela na primeira pessoa, mas é também uma imagem do latifúndio que confere ilimitado poder a seu detentor e paralisa todas as vidas que dele dependem. A Sombra do Patriarca, de Alina Paim, é o quadro vivo das vidas em conflitos, em que a opulência acaba sendo derrotada pelas forças coesas de uma classe que um dia entendeu de reivindicar ancestrais direitos postergados.

A literatura popular refletiu as lutas desse período. Em particular a coleção, “Romances do Povo”, dirigida por Jorge Amado, publicada pela Editora Vitória que reuniu 25 títulos de autores de vários países. Um desses livros, A Hora Próxima, é de Alina Paim, escritora sergipana militante do Partido Comunista do Brasil e colaborou na elaboração de uma narrativa literária que espalham as lutas do povo, revelando o futuro de inevitáveis conquistas para o proletariado. A Hora Próxima, título que compõe a coleção (Vol. XI), vendeu 10 mil exemplares somente na primeira tiragem, em 1955. O livro foi traduzido para o russo e chinês, segue as pegadas de Jorge Amado, introdutor e praticante-mor do realismo socialista no Brasil.

Segundo Jacob Gorender, em 1950, ouve uma reunião no Rio de Janeiro, num apartamento em Copacabana dirigida por Diógenes Arruda, então braço direito de Carlos Prestes, contando com a presença de aproximadamente 30 intelectuais militantes, entre eles Alina Paim, James Amado, Carrera Guerra, Astrojildo Pereira, Werneck de Castro, Oswaldino Marques e outros. O objetivo do encontro era “implantar a teoria do realismo socialista entre os intelectuais comunista”. Arruda, tentou orientar a produção cultural dos militantes, mas encontrou resistência, porém, entre os próprios intelectuais alinhados, caso de Graciliano Ramos.

O Realismo Socialista, padrão estético imposto pelo regime comunista na antiga União Soviética, com a missão de controlar a produção intelectual, subordinando-a aos cânones dogmáticos do comunismo de então. De acordo com tais princípios, a literatura e a arte deviam exercer papel exclusivamente pedagógico, difundindo os esforços comunistas para a construção do “homem novo” e do “mundo novo” nos países socialistas. Para tanto, os textos deveriam ser pautados pela objetividade social e participante. Em lugar da cultura burguesa, considerada pelos comunistas “decadente e degenerada”, os escritores e artistas tinham por obrigação se empenhar em edificar a “cultura proletária”, que julgavam a única capaz de desmistificar os valores morais da classe dominante e sustentar o caráter revolucionário da obra de arte. Graciliano, apesar de se ter filiado ao Partido Comunista, jamais tolerou tal ingerência partidária no campo da literatura.

A ação central do livro é uma greve dos ferroviários em 1950, em vários entroncamentos da Rede Mineira. A estrada da Rede, em Cruzeiro, é tomada por um piquete de mulheres com a tarefa de deter a locomotiva 437, que se prepara para engatar uma composição e seguir viagem. O maquinista titubeia e, ante a firmeza e ousadia do grupo de mulheres, pára a 437, que imediatamente tem na caldeira esfriada e posta fora de combate. A locomotiva se tornará a bandeira do movimento grevista. Escrito há cinqüenta e seis anos, A Hora Próxima, se refere ao grande momento em que as massas, protagonistas de uma ação política organizada e revolucionária, dirigirão a humanidade ao rompimento da aurora. A narrativa de Alina Paim se prende à ação das massas, sem contudo tornar-se aprisionada de factualismos e justificativas.

O romancista baiano prefaciou o romance “Sol do Meio-Dia”, vencedor entre mais de uma centena de concorrentes, prêmio Manoel Antonio de Almeida, concedido pela Associação Brasileira do Livro, em 1962, o livro foi publicado no ano anterior pelas edições ABL, comenta a trajetória da romancista, desde da estréia de Estrada da Liberdade. A história de Ester, a jovem que veio de Paripiranga para o Rio de Janeiro, cidade maravilhosa e vive nas pensões coletivas, onde se concentra a população problematizada pelas dificuldades nas grandes cidades: “Volta hoje, Alina Paim a seu público com Sol do meio-dia, romance já consagrado com um alto prêmio, o da Associação Brasileira do Livro, julgado já por figuras como as de Valdemar Cavalcanti, João Felício dos Santos e Plínio Bastos. Eis uma notícia excelente para os leitores, sobretudo para os muito que têm acompanhado com constância e admiração a carreira vitoriosa da romancista. Ela atinge agora sua maturidade criadora. A menina da Estrada da Liberdade, que irrompeu pelo romance brasileiro em 1945 e nele impôs sua presença, soube construir seu caminho e crescer de livro para livro, para chegar à madureza deste Sol do meio-dia, que será sem dúvida um dos acontecimentos literários importantes do ano. Estou certo do sucesso deste romance não só junto aos intelectuais mas também entre o grande público pois ele é construído com a experiência vivida e o amor ao ser humano”.

A escritora estanciana fez incursões na literatura infantil, atendendo solicitação da Editora Conquista, publicou: O Lenço encantado; A casa da coruja verde e Luzbela vestida de cigana. Em 1965, no mais disputado certame novelística da época no país, em meio a três centenas de livros, coube a sua Trilogia de Catarina o Prêmio Especial Walmap, IV Centenário do Rio de Janeiro criado exclusivamente para distinguir essa obra. A comissão julgadora foi integrada pelos acadêmicos Raimundo Magalhães Júnior, Adonias Filho e pelo novelista Otto Lara Resende. A Trilogia de Catarina, lançada pela Editora Lidador na coleção Imago, compreende os seguintes títulos: O Sino e a Rosa, A Chave do Mundo e o Círculo, em que a romancista traça a trajetória de uma mulher entre o sonho, o aprendizado da vida na busca de um sentido existencial, num protesto contra os códigos, sempre dentro de um padrão da realidade e dignidade feminina.

Indagada sobre o sentido de sua personagem, informa Alina Paim: “Catarina tem uma constante: a busca do sentido da vida, a compreensão de si mesma e do que lhe acontece para melhor se integrar na vida e no convívio de seus semelhantes. Os três romances de Catarina deslizam no espaço de uma noite e de vigília. É um trabalha com muitos planos de tempo. Ao amanhecer, após longa análise, a Catarina que encara o sol é bem mais amadurecida que a Catarina que se encolheu no topo da escada, no princípio da noite. Foram violados, com certa audácia, os seus compartimentos selados”.

Um ano depois publica Flores de Algodão e Treze anos depois rompe o silêncio com “A Correnteza”, publicada pela Record em 1979. Sobre este romance, um dos maiores críticos literários da época, Valdemar Cavalcanti diz que o romance “constitui um painel da vida de subúrbio do Rio. Mas não é positivamente a moldura o que mais importa neste romance, embora montada com indiscutível mestria. Importante mesmo é o quadro psicológico que Alina Paim apresenta, de extraordinária nitidez. E o leitor inteligente observe no fino do traço das figuras femininas, em particular, e veja como ela as desenha, com mãos leves e firmes, mãos como de uma Marie Laurencin que se desse ao romance”. A Correnteza ocupa lugar privilegiado neste espaço ficcional brasileiro, livro para ser lido muitíssimas vezes. Exemplo de sua enorme capacidade de testemunho dum roteiro lírico, dum movimento rítmico de ação continua, duma originalidade incessantemente cultivada num alargamento espacial onde seus tipos criados têm oportunidade de expandir-se em implicações sutis, num aparato episódio solene e drástico, contudo movido por um realismo, cru, paralisante.

Em 1994, o Governo do Estado de Sergipe, por iniciativa da escritora Núbia N. Marques, na época Diretora Presidente da Fundação Estadual de Cultura – Fundesc, publicou na coleção Ofenísia Freire, capa de Ronaldson, uma edição cuidadosa o romance, A Sétima Vez. Neste livro Alina Paim retorna à análise de vida problematizada do velho Teodoro, aposentado, e já sonhando com a tranqüilidade de um cata-vento, vê-se empurrado para a atividade laborativas, pois necessitava criar o neto, colhido pela orfandade. Os esquemas competitivos que na mocidade poderia muito bem enfrentar, o leva a esforço de sobrevivência. A velhice encontra na pena dessa vigorosa romancista o dardo crítico e a reflexão sábia de uma fase de vida humana que, a despeito da labuta já enfrentada, empobrecida por uma aposentadoria irrisória, volta com toda força para buscar o pão cotidiano, dentro das adversidades e dificuldades que cercam um velho.

Como integrante do Partido Comunista, Alina Paim exerceu atividades políticas diversas, tendo convivido durante meses com mulheres dos trabalhadores ferroviários que participaram ativamente da grave da Rede Mineira, de grande repercussão nacional. Por isso sofrendo perseguições e pressões de toda ordem inclusive processo judicial. Traduziu trabalhos importantes de Jorge Dimitrof e Vladimir Lenin, além de colaborar em vários periódicos O Momento (BA), Época (SE), Leitura (RJ), dentre outros, sendo que essas colaborações eram em sua maioria, capítulos dos seus livros.


* Jornalista, pesquisador e professor universitário.
Fonte: http://www.arquivors.com/gilfrancisco7.htm


A RUA DA FRENTE, (Memórias de um tempo que nunca morre),Gecildo Queiroz

A RUA DA FRENTE, (Memórias de um tempo que nunca morre),Gecildo Queiroz,Gráfica J Andrade,Aracaju, 132p, 2013,ISBN 978-85-8253-010-8




Depois da primeira boa surpresa e da primeira gargalhada que irrompeu incontrolável, li todo o livro num clima encanto. Cada caso, cada frase, cada palavra fazendo festa para mim, carregando-me inteiramente ao passado que era o meu também e acho que é o de todos (com ajustes) meninos criados mais ou menos livres nesse Brasil imenso. Verbos consistentes, adjetivos econômicos, sujeitos nítidos. 

Um livro leve, mas denso. Casos curtos, mas completos. Nada fica no ar, até uma palavra fora do contexto que surge intrometida, ela mesma trata de se apresentar a seguir. Nenhuma colocação fora do prumo severo de um professor cônscio de sua missão de escrever para ser lido. Pequenos fatos ganham dimensão de epopéias, situações corriqueiras em princípio sem graça nenhuma, divertem e emocionam. 

Brinquei, corri riscos imensos, aprontei cada uma, que chega me arrepio. As locações, os tipos, as situações que Gecildo descreve são agora todos meus também, numa transposição que só os bons textos conseguem fazer. Belvedere, o papa-fila, a rua D, o Boneário, a areinha de Deus, a doce goiaba vermelha, a menina bocuda, a sandália de couro, o malumento, os vigorosos cascudos...

Para escrever um bom livro não é necessário uma história espetacular, basta um escritor que lide adequadamente com as palavras, que não deixe a menor dúvida, a não ser que a trama exija. Como fez o professor Gecildo.  Tive a sorte de ter sua banca de vendas de livros na Bienal de Paulo Afonso colada à minha. Eu tive muita sorte.     



Antônio FJ Saracura, Aracaju, 15 novembro de 2014) 

A PONTE DO TOURÃO, Vírman (Antônio de Oliveira Silva)


A PONTE DO TOURÃO, Vírman (Antônio de Oliveira Silva), 2017, Infographics, 251p, isbn 978-85-9476-059-3



(por Antônio Saracura, antoniosaracurasobrelivroslidos.blogspot.com).

O maior castigo contra o nosso semelhante não é odiá-lo mas ser indiferente a ele (Bernard Shaw falou algo parecido, na abertura da Ponte do Tourão, novo livro de Virman, que deixei mofando por quase um ano. A dedicatória é de 20/05/2017). Uma injustiça que cometi, porque Virman sempre leu meus livros ainda quentes.
É tanta coisa que enche dia a dia de um pecador! Quando ele se dá conta, muita escapou-lhe pelos dedos, quase sempre as mais relevantes. Como a leitura de um livro que vale a pena.
Um menino pobre, sem nenhuma chance de estudar, sem ter como arrumar trabalho, ganha o prêmio: é aceito no seminário. Estudo bom e de graça. Comida, dormida, lazer. Bastava segurar o volante que o carro iria em frente, ao sucesso.
Mas vem o fogo prematuro da carne, que nem fora de verdade, apenas um leve calor. Vem a consciência ingênua que poderia aquietar-se ou ser silenciada. Custava esperar mais um pouco, até concluir o curso superior, como era praxe? A vocação, que o demônio alardeia haver sumido poderia apenas estar sufocada. Retornaria depois revivida. Mesmo que não retornasse, sempre seria tempo de mudar de rumo. Por que agora, tão cedo?
A apostasia (quebra de votos) lembrou-me o onanismo (a santa masturbação) que quase me fez decepar-me, encurralado pelas teorias medievais de São Tomás de Aquino. Ari foi vencido pelo medo de renegar a fé, eu adotei a masturbação como minha oração secreta ao diabo. Mas isso não me livrou do pecado maior de sair seminário como fez Ari. Quase entro na marinha, escapei por um triz. Em vez de secretário do bispo cuidei de um jornal da diocese, que me deu degraus seguros. Tive sortes, em seguida! E até a honra de ser citado em A Ponte do Tourão, que nem sei como agradecer, além do muito obrigado por me lembrar do professor de música, Alfeu, que era mesmo muito engraçado.
A Ponte do Tourão é apenas o lugar que prendeu o personagem, na infância, e a plataforma de voo que o arremessou à vida dura. É uma ponte rasa em um rio seco. Veio-me à cabeça, outra ponte, essa sobre o rio Vaza Barris entre as cidades de São Domingos e Lagarto. São 87 metros de seca profundidade. Remeteu-me a definitivo mergulho ao além tranquilo. Mas o Ai atribulado estava longe demais, graças a Deus!
Ari e Lia são os principais personagens do romance que o acaso uniu à uma vida feliz, de início. Pequenos gestos ou a falta deles. Ínfimas ofensas, palavras mal colocadas. Um paraíso pode virar um inferno. Um inferno de vida que nem vale a pena viver. Duas almas puras podem deliciar-se mutualmente, mas digladiam-se sem trégua, cada uma se achando mais justa, não arredando o pé de posições desconfortáveis. Simulam recuar para retomar a trincheira com muito mais fel. Como as pessoas jogam fora a graça que recebem de Deus!
A Ponte do Tourão poderia muito bem ser um livro autobiográfico. Certamente é um romance de vida, de análise sem trégua da dura realidade da vida a dois. Sem véus, sem paliativos. A realidade maltrata, mas precisa ser mostrada, mesmo que seja para a glória da boa ficção.
O autor, Vírman (Antônio de Oliveira Silva), é um dos bons escritores sergipanos. Pertence à Academia de Letras de Tobias Barreto, sua terra natal. É poeta premiado, cronista de mão-cheia, colunista da revista Perfil com fã clube estabelecido. Este é o sexto livro publicado, todos consagrados por quem teve a sorte de os ler.

(Aracaju, 12 de fevereiro de 2018, revisto em 28/09/2019). 
Emails trocados com o autor após a divulgação da resenha acima:
A ponte do tourão
4 mensagens

Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>12 de fevereiro de 2018 19:06
Para: virman36@hotmail.com

Boa noite, caro amigo Tonho virman,
 Finalmente li seu livro. Gostaria de ter lido muito antes, mas não me comando. Envolvi-me com mil diabos que não me deixam fazer o que gostaria de fazer: a vida. 
Aproveitei o carnaval quando eles foram às ruas cuidar de uma roça muito mais pródiga, e li seu livro.  E antes que retornem para me consumir, escrevi quatro linhas sobre minha leitura, que submeto à sua apreciação.  
Um grande abraço, 
Tonho Saracura.


A PONTE DO TOURÃO, Vírman (Antônio de Oliveira Silva), 2017, Infographics, 251p, isbn 978-85-9476-059-3
 (texto na cabeça do blog)

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Antonio Silva <virman36@hotmail.com>15 de fevereiro de 2018 11:48
Para: Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>

Saracura, bom dia
Eu sei que não adianta reclamar: a velhice chegou e pronto. Não que ela seja tão má. Inclusive encheu-me de experiências e direitos, principalmente depois que atingi a 4ª idade, a partir de quando comecei a ser "prioritário" até entre os da 3ª idade. O problema são os inconvenientes. É uma dor que surge na base do crânio, com formigamento e calor ascendentes, associados a uma tontura de segundos; é outra dor que desce pela junção das colunas cervical e torácica, aumentando na coccídea e se alastrando por toda a região glútea, seguindo pernas abaixo até as cãimbras nas plantas dos pés. Não bastasse, dei agora para cochilar em qualquer lugar onde sente, sem respeito aos presentes nem às horas, como se fora um velho. Por isto que demorei a escrever, agradecendo-lhe os valiosos comentários ao meu "A Ponte do Tourão". Sua inteligente interpretação dos fatos ali contados bem demonstram a perspicácia do ilustre acadêmico, de quem tenho a honra de gozar da amizade. 
Receba um grande abraço, com os votos de uma quaresma voltada para o amor de Cristo, culminando com Sua gloriosa ressurreição, razão da nossa fé. 
Do seu,
Vírman




De: Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>
Enviado: segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018 17:06
Para: virman36@hotmail.com
Assunto: A ponte do tourão


[Texto das mensagens anteriores oculto]

Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>15 de fevereiro de 2018 12:34
Para: Antonio Silva <virman36@hotmail.com>

Amigo Vírman,
RAPAZ, você ainda é um jovem senhor e tem que mandar essas inhacas embora. Apele até pra rezador, mas não lhes dê guarida. Um bom terapeuta (aconselho Sandro que tem consultório aqui pertinho de onde moro) que faz mágicas em caras como eu e você: desentortando artérias, nervos e ossos (carne quebrada osso rendido)... êle não deixa o cara novo mas o deixa funcionando como se fosse, por uns dias, até a próxima sessão.
Temos que buscar a fonte da juventude até no leito derradeiro:no céu só entra quem sonha, quem zela pelos dons que recebeu;  e viver é o maior deles.
(Desculpe-me, acho que me empolguei).
Os poetas cochilam: é quando engendram seus melhores versos. Os "outros" têm que entender.
Um grande abraço,do irmão que não gira bem de jeito nenhum:
Tonho Saracura 
(Também tou cheio do mesmo jeito, quase. Falei para mim tb).


Livre de vírus. www.avast.com.

[Texto das mensagens anteriores oculto]

Antonio Silva <virman36@hotmail.com>15 de fevereiro de 2018 15:36
Para: Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>

Tonho
Após seguir toda a lógica médica, isto é, ser atendido por todo tipo de "picialista", socorri-me do homem das agulhas. Depois de dez sessões, parece que a acupuntura fez algum efeito, pois algumas dores tiveram medo e fugiram, e outras nem tanto. Já fiz também RPG, como você pode ver na poesia que lhe envio.
Como moro na roça, fica difícil frequentar o consertador de coluna, mas se me decidir morar em Aracaju, entrarei em contato com você para descobrir-lhe o endereço.
Sou um teimoso comigo mesmo. A matéria diz NÃO. PRA VOCÊ NÃO TEM MAIS JEITO e eu respondo: NÃO ACEITO, e continuo lutando. Mas quantas vezes penso numa coisa, a mente sabe o que é, quero mudar o passo e, quando procuro as pernas não as encontro? Não faz parte de mim o desistir. Mas é que, com tantas dores em todo o corpo, fica difícil realizar os sonhos. É tanto que meu "Deu a Louca no Olimpo", que já tem mais de 100 páginas A-4 prontas, faz mais de 2 meses que não me vê. Espero voltar a ele na próxima semana.
Receba um grande abraço de 
Tonho de dona Maninha



De: Antônio Francisco de Jesus Saracura <afjsaracura@gmail.com>Enviado: quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018 10:34
Para: Antonio Silva
Assunto: Re: A ponte do tourão

[Texto das mensagens anteriores oculto]

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